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Neurodesenvolvimento do Adolescente

Pais e cuidadores devem lembrar que o cérebro adolescente não está totalmente desenvolvido. Em particular, os adolescentes podem lutar com o controle dos impulsos e podem ter mais probabilidade de tomar decisões baseadas mais em emoções do que na lógica. Além disto, os processos de pensamento e tomada de decisão de um adolescente podem variar de um dia para o outro. Ao manter estas questões em mente, os adultos podem fornecer o apoio que os adolescentes precisam, à medida que seus cérebros se desenvolvem.

O neurodesenvolvimento está longe de terminar no nascimento. Durante a adolescência há alterações morfológicas e funcionais no cérebro e novos neurônios e sinapses são formados. As conexões inter-neuronais tornam-se mais maduras e a transmissão das informações ocorre de maneira mais eficaz e rápida (processo de mielinização).  Ocorre um adelgaçamento das áreas externas do córtex devido à poda neuronal. Há uma redução na quantidade de substância cinzenta e um aumento e amadurecimento da substância branca, levando a uma conectividade cerebral mais eficiente. O adelgaçamento da substância cinzenta do córtex pré frontal leva a um atraso na maturação do córtex pré frontal e de outras regiões frontais, responsáveis pelo controle inibitório.

A hiperreatividade emocional do adolescente em situações de alta carga emotiva ou de stress podem ser explicadas pela redução da atividade do córtex pré-frontal (responsável pelo pensamento abstrato, planejamento, controle inibitório) associado ao aumento da atividade das estruturas subcorticais (amígdala e sistema límbico), responsáveis pelo comportamento emocional.

No final da adolescência e início da vida adulta, há maturação das áreas inibitórias, tornando o indivíduo mais apto a conter impulsos emocionais provenientes do subcórtex. 

Estes aspectos do neurodesenvolvimento explicam a propensão do adolescente em se colocar em situações de risco, principalmente quando em pares, a busca por novas sensações, a capacidade de controle cognitivo defasada, a hiperreatividade a estímulos sociais e emocionais e a maior propensão a recompensas a curto prazo.

Como pais e cuidadores podem ajudar os adolescentes:

  • Faça perguntas abertas sobre questões complexas
  • Ajude os adolescentes a considerar as consequências das ações em vários momentos
  • Incentive hábitos de sono saudáveis
  • Ajude o adolescente a pensar com todo cuidado em situações de risco
  • Promova habilidades de gerenciamento de estresse
  • Limite a exposição a situações de risco
  • Preste atenção aos sinais de aviso

 

Lembre-se da importância das consultas de rotina do adolescente. Muitas questões comportamentais e emocionais podem e devem ser levadas à consulta de rotina com o pediatra e caso necessário, o mesmo pode indicar acompanhamento especializado.

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Dra. Ana Carola

Trabalha como membro da equipe de Pediatria e Nefrologia Pediátrica no Hospital Israelita Albert Einstein. Cursando Pós Graduação em Psiquiatria e também frequentando o curso de Especialização e Aperfeiçoamento em Abordagem Psicanalítica na Adolescência no Instituto Sedes Sapientiae.

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